Consultas com mastologistas caem na pandemia e taxa de mortes por câncer de mama aumenta

Desde o início da pandemia do novo coronavírus, em março de 2020, o isolamento se tornou preciso para diminuir a propagação da Covid-19. No entanto, essa necessidade refletiu em outros fatores de saúde, como o diagnóstico do câncer de mama, visto que muitas mulheres deixaram de consultar o mastologista — redução de 24,4% no ano passado em relação a 2019 — por medo de contágio do vírus.

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Com base em dados da Análise da Assistência à Saúde da Mulher na Saúde Suplementar Brasileira entre 2015 e 2020, o Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) observou que o número de mamografias preventivas entre beneficiárias de planos de saúde reduziu 28,3% entre 2019 e 2020. No recorte etário de 50 a 69 anos, a taxa foi ainda maior: 29,5% no período analisado. 

A redução não se limita aos planos de saúde. Um levantamento publicado na Revista de Saúde Pública em abril, expôs que o número de mamografias realizadas na rede pública entre mulheres de 50 e 69 anos diminuiu 42% em 2020, em comparação com o ano anterior.

Embora a Covid-19 possa ser um dos maiores motivos de mulheres postergarem o atendimento médico aos casos não emergenciais, a realização de procedimentos diagnósticos do câncer de mama já apresentava queda antes da pandemia. Segundo o IESS, entre 2015 e 2019 a realização de mamografias de rastreamento reduziu 29,1%.

Os números apresentados são alarmantes, dado que no Brasil e no mundo, o câncer de mama é o mais incidente em mulheres e a principal causa de morte feminina no país. No entanto, quando diagnosticado precocemente aumenta em até 95% as chances de cura, de acordo com a Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (FEMAMA).

“A tendência de queda na realização de mamografias nos últimos anos acende um sinal de alerta preocupante, sobretudo porque, em paralelo, houve crescimento do número de óbitos em decorrência de complicações causadas pelo câncer de mama em praticamente todas as faixas etárias”, destaca José Cechin, superintendente executivo do IESS. 

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), na população feminina, a faixa etária que mais registrou óbitos foi acima de 80 anos (27,3%) e entre 60 e 69 anos (20,9%). A única redução de mortes no período foi entre mulheres de 20 a 29 anos (-18,9%).

Atenção

O corpo feminino pode dar sinais de alerta, como aumento de volume, nódulos nas mamas ou axilas e saída de secreção (principalmente de cor escura) do mamilo. Ao perceber algumas dessas alterações, é imprescindível contatar um ginecologista.

Manter os exames e a atenção em dia são gestos de amor-próprio e podem salvar a vida. “Atualmente, com a variedade de técnicas de pesquisa e rastreamento, é bem difícil uma mulher morrer devido ao câncer de mama. Geralmente, a chance de mortalidade está relacionada ao diagnóstico tardio e ao elevado grau de evolução da doença”, disse o ginecologista e obstetra Waldemar Carvalho em uma recente entrevista à IstoÉ.

Mesmo sem sintomas e/ou diagnóstico positivo na família, a partir dos 40 anos, passa a ser obrigatório realizar a mamografia anualmente, conforme recomenda a Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia.

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